
Coordenador do Seapac (Diác. Francisco Teixeira) durante o lançamento em Assú/RN. (FOTO: Caio Barbosa/SEAPAC)
Valcidney Soares – Site Saiba Mais
Natal | Rio Grande do Norte
Uma iniciativa do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (Seapac) busca fortalecer as famílias do campo e fornecer tecnologias agroecológicas no Semiárido. O projeto, chamado de Ecoando Agroecologia, vai beneficiar 30 famílias em nove municípios do estado: Pau dos Ferros, Encanto, São Miguel, Venha-Ver, Coronel João Pessoa, São Francisco do Oeste, Ipanguaçu, Assú e Carnaubais.
De acordo com o engenheiro agrônomo Fabrício Edino, do Núcleo do Seapac na região do Alto Oeste, o objetivo do projeto é implementar uma estratégia de pensar os sistemas de produção a partir de princípios agroecológicos. Serão três tecnologias sociais: de saneamento e reuso da água, biodigestor e secador solar.
No primeiro caso, a chamada água cinza — aquela usada para lavar louça, roupa ou tomar banho — vai passar por um sistema de tratamento com um decanto digestor com filtro biológico, para poder ser reutilizada, e depois irá a um sistema de bombeamento e uma irrigação por gotejamento.
“A gente vai fazer os sistemas de produção agroecológica, com forragens, com frutíferas, diversificando num sistema agroflorestal para produzir alimento para a família, para os animais e para gerar renda. Essa tecnologia do tratamento de água é um saneamento rural, que envolve a questão da saúde do solo, do meio ambiente, da família, dos pequenos animais”, aponta o engenheiro.
“Você elimina totalmente aquele esgoto a céu aberto que normalmente tem nas famílias e, além disso, produz a água para irrigar. Uma tecnologia segura também em termos de qualidade de água, de contaminantes. Então ela trata a água com uma eficiência muito boa”, explica o agrônomo.
Já o biodigestor será utilizado a partir dos dejetos dos animais para produzir o gás de cozinha. A ideia é permitir que o gás seja suficiente para uma família de quatro a seis pessoas.
“Muitas das vezes, pelas experiências que a gente já tem, as famílias compram dois botijões por ano. Então, representa uma economia muito forte. E depois de produzir esse biogás, que vai direto para a unidade familiar, a família também produz um biofertilizante que ajuda no processo de fertilização dos solos, a adubação dos solos para a produção agroecológica”, diz Fabrício Edino.
A terceira e última tecnologia se trata de um secador solar, para secar a forragem, produzir o feno, produzir o farelo para secar sementes, além de secar folhas de plantas medicinais e sementes crioulas das famílias.
O lançamento do Ecoando Agroecologia ocorreu em 2 de setembro no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Assú. A seleção e cadastro das 30 famílias deve finalizar até outubro, e a expectativa é que as tecnologias comecem a ser implementadas em novembro. O projeto tem duração de dois anos e recebe apoio do Banco do Nordeste para financiamento.