Atualizado: 1 de set.
A atividade foi organizada pela equipe do Seapac para apresentar as tecnologias sociais implementadas em Lajes Pintadas (RN), para as famílias que irão receber o biodigestor no Alto Oeste. Além disso, houve um momento de troca de sementes crioulas e partilha de conhecimentos práticos da agroecologia.

Caio Barbosa – Assessoria de Comunicação do SEAPAC Natal | Rio Grande do Norte
A comunidade do Catolé, zona rural do município de Lajes Pintadas, foi novamente o espaço para o encontro de agricultoras e agricultores familiares. Durante a última quarta-feira (30), a equipe do Seapac promoveu mais um “Intercâmbio Rural”, agora com as famílias acompanhadas na região do Alto Oeste, que foram recebidas pelas famílias acompanhadas no Trairi. O encontro foi organizado com o objetivo de apresentar as experiências agroecológicas e as tecnologias sociais implementadas em Lajes Pintadas.
O encontro começou com uma mesa de café da manhã camponês, repleta de alimentos e produtos do quintal agroecológico de Rita e Luiz. Eles foram a família anfitriã que acolheu a chegada das famílias campesinas vindas de quatro municípios do Alto Oeste Potiguar: Venha Ver, Col. João Pessoa, São Miguel e Encanto. Após o café camponês, as famílias tiveram a oportunidade de conhecer a integração de quatro tecnologias sociais já implementadas e em uso na casa de Rita e Luiz. Os participantes também conheceram o quintal agroecológico da família, que recebe irrigação das águas de reuso e da cisterna do P1+2, além dos nutrientes do biofertilizante gerado pelo biodigestor (a família também tem a cisterna do P1MC). Essas tecnologias sociais ajudam a família a ter uma maior integração e uma melhor convivência com o semiárido no Trairi.

O “Intercâmbio Rural” do Seapac foi promovido para apresentar às famílias do Alto Oeste os sistemas de saneamento rural (reuso de águas), o biodigestor e biofertilizante, além da Casa de Sementes da Associação do Catolé e Cabaceiras. As famílias dos quatros municípios, já receberam o sistema de reuso de águas e agora nos próximos meses de 2023 irão ser beneficiadas com a implantação de biodigestores, que conta com o apoio das organizações Misereor e CEI, além da assistência técnico-pedagógica do Seapac.
O engenheiro agrônomo do Seapac, Fabrício Edino, que trabalha com as famílias do Alto Oeste, avalia como importante esses momentos de intercâmbios, pois possibilita verificar in loco e na prática as vantagens e dificuldades que se tem para alimentar os biodigestores até chegar no momento de produção do biogás e biofertilizantes. Porém, mesmo sendo um trabalho familiar árduo, Fabrício percebeu que a felicidade e a alegria das famílias do Trairi já contempladas com o biodigestor, mostra que esse tipo de tecnologia é um caminho de esperança cada vez mais sustentável e que ajuda a melhorar a convivência com o semiárido.
“No olhar das famílias, a gente conseguiu notar a satisfação delas em poderem conhecer as tecnologias sociais, em especial o biodigestor.” comentou Fabrício sobre a importante participação das famílias no intercâmbio.
Um dos momentos mais marcantes do “Intercâmbio Rural” foi a hora de partilha e troca de sementes crioulas. Cada família do Alto Oeste levou para o encontro suas inúmeras variedades de sementes para compartilhar com a Casa de Sementes do Catolé e Cabaceiras, e elas também receberam as sementes das famílias do Trairi. A agricultora Lindomar Cavalcante, conhecida como Linda, foi quem apresentou o projeto da Casa de Sementes e explicou um pouco da importância das sementes crioulas para agricultura familiar e também estimulou cada participante a ser um guardião e guardiã de sementes na sua comunidade.

A diversidade camponesa do semiárido potiguar foi materializada na diversidade das sementes que foram trocadas, tinha semente de arroz branco, feijão canapu, feijão sempre verde, milho asteca, milho vermelho, gergelim, fava branca, fava preta (uma novidade para a maioria das famílias) entre outras diversidades de sementes.
O intercâmbio foi finalizado na unidade de produção familiar de Dona Solange e Seu Antônio, eles receberam as famílias com um verdadeiro almoço camponês produzido com alimentos saudáveis (sem veneno) cultivado no quintal da família e preparado com o biogás – tecnologia social já instalada na UPF. Além do rico almoço, Antônio Faustino levou as famílias para conhecer seu território apresentando as tecnologias sociais e a produção do seu quintal que conta com tomate, pimentão, couve, cebolinha, alface entre outras variedades, tudo produzido sem veneno e com práticas agroecológicas.
Durante as visitas cada família pode conhecer um pouco mais sobre o semiárido potiguar, as tecnologias sociais e a importância do cuidado com as sementes crioulas, para Seu Luiz lá da comunidade do Retiro, zona rural de São Miguel, ele avaliou como muito importante esse momento de intercâmbio
“eu fiquei muito, mais muito feliz mesmo, em fazer essa visita, conhecer o biogás. Queria dizer que o Seapac está de parabéns porque sempre luta para trazer benefícios para as famílias que vivem da agricultura familiar”. (Luiz agricultor familiar em São Miguel)
A visita ao território do Trairi, mostrou para as famílias do Alto Oeste uma diversidade de possibilidades para a produção, além de ser um momento de integração do campesinato potiguar, esses espaços são oportunidades para a troca de saberes populares, para estimular à agroecologia e ajudar a reforçar a identidade camponesa e o protagonismo da agricultura familiar, responsável por produzir mais de 70% dos alimentos consumidos pelas famílias brasileiras.









